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Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Timbé do Sul, Turvo.
Panfletagem no Calçadão de Araranguá
Conheça a PEC 241/2016 - Saúde, Educação, servidores e serviços públicos estão na mira do governo.
O presidente Michel Temer enviou ao Congresso Nacional, no dia 15 de agosto de 2016 a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que congela os gastos públicos por 20 anos, período em que o dinheiro economizado será canalizado para o pagamento da dívida pública, que atualmente consome quase metade do orçamento do país. A medida recai sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos e, especialmente, em áreas essenciais à população brasileira como a Educação e Saúde.
Caso haja descumprimento ao limite de gastos, o órgão ou Poder Público serão penalizados nos anos seguintes com a proibição de medidas que aumentem o gasto público, como o reajuste salarial de servidores públicos; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira; à admissão ou à contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos; e à realização de concurso público.
Mais cortes na Educação e Saúde
Como se já não bastasse os cortes sucessivos realizados nos anos de 2015 e 2016 na educação e saúde públicas no Brasil, a PEC 241 prevê mais cortes para os próximos anos. A medida altera os critérios para cálculo das despesas mínimas na Educação e Saúde, que serão corrigidos pela variação da inflação do ano anterior, sem aumento real. Será prerrogativa do Congresso Nacional decidir onde os recursos públicos serão alocados.
Tramitação
A intenção do governo é que a proposta seja aprovada no Congresso Nacional o mais rápido possível para que o novo cálculo para os gastos públicos já seja aplicado no ano que vem.
Os gastos federais com saúde e educação, que atualmente são vinculados a percentuais mínimos da receita, deixariam de variar conforme as receitas. Mantidos os valores mínimos definidos para 2016, passariam a ser atualizados pelo IPCA. Essa regra substituiria a recente proposta de DRU (Desvinculação de Receitas da União) aprovada no Congresso, que permite a desvinculação de até 30% dos recursos para saúde e educação.
A MANUTENÇÃO DESSE TETO VAI EXIGIR UM CORTE BRUTAL TANTO DAS DESPESAS COM BENEFÍCIOS SOCIAIS E TRANSFERÊNCIA DE RENDA AOS SETORES MAIS POBRES DA POPULAÇÃO COMO DAQUELAS DIRECIONADAS A INVESTIMENTOS DO ESTADO EM INFRAESTRUTURA PÚBLICA
Para manter o teto proposto na PEC, todas as outras despesas, como Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada, Renda Mensal Vitalícia, Minha Casa Minha Vida, Ciência e Tecnologia, Cultura e apoio à agricultura familiar, por exemplo, precisariam ser fortemente reduzidas ao longo dos próximos anos.
Somando-se a esse quadro a possibilidade de estados e municípios reduzirem seus gastos em atenção à saúde e educação básica, percebe-se que as propostas do governo atingirão fundamentalmente os mais pobres e, em menor escala, todas as demais parcelas da sociedade que são usuárias de serviços públicos.
A parcela mais rica da população ficará isenta de qualquer ônus pelo “ajuste” realizado. Afinal, os 2,8% dos declarantes do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) com renda bruta acima de 40 salários mínimos detinham 43,1% dos bens e direitos declarados à receita federal em 2013. Obviamente essa parcela da população acessa muito pouco o sistema público de saúde (mas se beneficia das isenções do IRPF para essas despesas, isenções que não serão afetadas pelo novo regime fiscal) e está praticamente fora da educação pública básica. Além disso, poderá até mesmo se beneficiar com maiores ganhos de renda financeira, que decorrem em grande parte do pagamento dos juros sobre a dívida pública, integralmente preservado pela PEC.
O senso comum de que a carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo e que afeta indiscriminadamente a todos é falso. Esse discurso esconde a realidade de que nossa tributação é profundamente regressiva e injusta, nas três esferas da federação. Os assalariados pagam uma parcela maior de sua renda como impostos que os mais ricos. Isto se dá porque o Brasil concentra sua arrecadação nos tributos sobre o consumo, sabidamente regressivos, que representam mais de duas vezes a arrecadação dos tributos sobre a renda.
Mas o economista Eduardo Fagnani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pensa diferente. Para ele, a PEC 241 não afronta apenas o artigo 5°, que trata dos direitos e garantias fundamentais, o que já seria grave. “Ele está afrontando os artigos 5°, 194 e 195 (que tratam da Seguridade Social), os artigos que tratam do SUS, de seguro-desemprego e da assistência social”, diz. “Essa PEC simplesmente enterra a Constituição de 1988 no que diz respeito aos direitos sociais. É simples assim.”